segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Coleção de Crônicas | Os Terroristas




A crônica dessa segunda feira é de um escritor brasileiro muito conhecido. Moacyr Scliar nasceu em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, e lá faleceu dia 27 de fevereiro do ano passado. Se formou como médico mas se tornou conhecido como escritor de mais de 70 obras que abordavam, em grande parte das vezes, escritos com conteúdo sobre os judeus. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 2003 após ter recebido diversos prêmios, como o Jabuti. Escreveu tanto crônicas e contos como romances, e foi aclamado em todos os gêneros em que escreveu. Sua obras mais conhecidas são O Exército de um Homem só e O centauro no jardim, este último reconhecido mundialmente por sua temática judaica.
Os Terroristas conta uma história comum nas escolas brasileiras atuais: a luta para conseguir uma boa nota. Mas trás uma lição muito profunda: o remorso está presente em muitas das ações que fazemos. Confesso que me identifiquei com os alunos (embora nenhum dos meus professores seja assim, ainda bem), pois praticamente todos os alunos tem a habilidade de armar planos. Abaixo, a crônica.

Os Terroristas
Moacyr Scliar

Era um professor duro, exigente e implacável. As provas eram feitas sem aviso prévio.Todos os trabalhos valiam nota e eram corrigidos segundo os critérios mais rigorosos.Resultado:no fim do ano quase todos os alunos estavam à beira da reprovação.As notas que ele anotava cuidadosamente no livro de chamada era as mais baixas possíveis.O que fazer?.Reuniam-se todos os dias no bar em frente ao colégio, para discutir a situação, mas nada lhes ocorria. Até que um deles teve uma ideia brilhante. O livro de chamada. A solução estava ali:tinham de se apossar do livro de chamada e mudar as notas.Um 0 poderia se transformar em 8.Um 1 poderia virar 7 ( ou 10,dependendo do grau de ambição).
O problema era pegar o livro, que o professor não largava nunca, nem mesmo para ir ao banheiro. Aparentemente só uma catástrofe poderia superá-los.
Recorreram,pois, a catástrofe.Um dos alunos telefonou do orelhão em frente ao colégio, avisando que havia um principio de incêndio na casa do professor. Avisado, o pobre homem saiu correndo da sala de aula, deixando sobre a mesa o famigerado livro de presenças.
Acreditareis se eu disser que ninguém tocou no livro? Ninguém tocou no livro. Os rapazes se olhavam,mas nenhum deles tomou a iniciativa de mudar as notas. Às vezes a consciência pesa mais que a ameaça da reprovação.



Retirado do livro  Deixa que eu conto, de Moacyr Sciliar.

Curta e de fácil entendimento, essa crônica mostra com clareza como é a vida dos estudantes nos dias atuais (falo por experiência própria rsrs). Espero realmente que ela ilumine a cabeça de muitos sobre suas atitudes, a importância e as consequências delas. E você, o que achou? O que você sentiu ao ler a crônica? Comente, sua opinião é muito importante! A crônica dessa segunda foi mais leve e bem humorada, e na próxima semana tem mais! Mas não esqueçam: amanhã também tem post novo! Então, até amanhã!



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